sexta-feira, abril 25, 2008

A inflação dos alimentos

E essa história toda da subida de preço dos alimentos? Gerou até declaração polêmica do relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler, que disse que a subida estava relacionada à produção de biocombustíveis e os chamou de "crime contra a humanidade".

O fato é que o mundo tá acordando pra uma questão que passa pelos subsídios dos países ricos. Eles sabem que caso abram o mercado, países como o Brasil, extremamente competitivo nessa área, iria devastar os empregos no campo dos países deles, em particular, os europeus. Além disso, traria incentivos à países tropicais em investir no campo pra poder competir com eles em alimentos.

Como a questão de liberalização está loooonge de ser discutida, acho que podemos analisar as causas desse aumento de preço dos alimentos. Primeiro, o crescimento da China e da Índia está fazendo o povo de lá comer mais. E que povo, já que os dois países, juntos, possuem mais de 2 bilhões de habitantes. A China teve uma crise séria no final do ano passado por causa da carne de porco (tiveram que sacrificar milhões por conta de uma doença). Isso fez com que o pessoal se direcionasse para outros alimentos, aumentando o preço deles. Segundo, o clima maluco fez com que muitas culturas tivessem quebras importantes de safra, especialmente o arroz (e o feijão, no caso brasileiro). Terceiro, a produção ineficiente de biocombustível por parte dos americanos e europeus, que utilizam o milho e a beterraba, fez com que o preço desses produtos subissem bastante. E quarto, a especulação dos agentes, que estão fugindo do Dólar fraco e indo para derivativos atrelados às commodities.

A inflação está subindo bastante ao redor do globo por conta disso. A China e o Japão, por exemplo, já estão com a maior inflação em, sei lá, uma década!

Contra essa inflação, os países estão agindo como podem. O sudeste asiático já proibiu exportação de arroz pra poder conter seus preços internos. O Brasil tomou decisão semelhante ontem: o estoque estratégico do governo não será exportado. O ponto é que os biocombustíveis podem sair com o grande vilão disso tudo, o que não seria justo. O Brasil tem que tomar uma posição firme contra isso, pra provar que o combustível derivado da cana é mais eficiente e não traria fome. Afinal, estamos nessa faz uns 30 anos e nunca tivemos problema dessa natureza.

Pra ilustrar isso tudo, coloco um gráfico do Índice da revista The Economist, que traz apenas produtos alimentícios. Reparem como a coisa toda começa a degringolar a partir do segundo semestre de 2007.

6 comentários:

Urd disse...

Se vc der umas dicas legais de investimento eu vou frequentar aqui. XD

E se eu não me engano, para fazer o etanol vc usa o bagaço da cana, depois q o caldo já foi extraído para fazer açucar, onde o disperdício do alimento não existe (o bagaço iria p/ "lixo" de qq forma, ou usariam p/ fazer pinga, e eu ainda prefiro o Etanol), já usando beterraba ou milho, onde vc perde o alimento por inteiro.

Tisf disse...

Acho que o etanol vem do caldo mesmo, viu. Mas o bagaço não seria jogado, porque já estão desenvolvendo um jeito de gerar energia com o próprio bagaço da cana!

Urd disse...

De qualquer forma, açucar refinado faz mal mesmo... XD

Ou é menos saudável q o milho ou a beterraba.

Unknown disse...

É, q eu saiba, o bagaço só serve para queima/geração de energia. Energia essa que pode ser usada para própria auto-suficiência das usinas como se pode vender o excedente.

Cris disse...

Adorei a idéia Tisf, tomara que vingue :) A iniciativa é ótima principalmente para amigos economicamente alienados como eu.
Já adicionei nos meus favoritos e frequentarei sempre :)

Bjos Cris

Tisf disse...

Cris, qual é o seu blog?