quarta-feira, abril 30, 2008

Brasil vira grau de investimento

E não é que a nossa grande pátria desimportante acabou de virar Grau de Investimento? E que por** seria essa?, perguntaria alguns.

As notas de classificações dos países são dadas por agências que medem a capacidade de um país em arcar com seus compromissos, ou seja, a capacidade do país em pagar suas dívidas. Existem três grandes agências no mundo: a Standard & Poor's, a Fitch e a Moody's, e foi a primeira que hoje, concedeu ao Brasil a nota de Grau de Investimento, algo inédito na história do país.

Existem fundos de investimento que pelas suas regras, só podem investir em países que tenham esse selo. Fundos que protegem seus associados, procurando lugares que sejam rentáveis mas que sejam acima de tudo seguros. Calcula-se em cerca de US$ 25 trilhões em fundos de pensão que não podem investir no Brasil por conta do país não ser grau de investimento.

Além de mais Dólares entrando no país (1% desse valor que eu coloquei é mais do que as reservas brasileiras hoje), o governo e as empresas ganharão ainda mais acesso a crédito, em volumes sem precedentes e com taxas de juro similares às de países desenvolvidos, ou seja, teoricamente, haverá futuras reduções dos juros.

O país persegue essa classificação faz anos. Anos que está havendo uma política econômica capaz de transparecer confiança maior no país e assim, fazer com que ele seja seguro para investimento.

A ressalva

Gente, isso aí pegou todo mundo de surpresa, é fato. As contas do país estão caminhando para um déficit novamente, por causa da queda do saldo comercial e da valorização do Real. Além disso, estamos no meio de uma crise de crédito bem séria no mundo, por causa dos Estados Unidos. Ou seja, conjuntura bem bizarra pra um upgrade desse porte, nesse momento.

E países que possuem o Grau de Investimento não é garantia de crescimento sustentável, vide o México que já tinha e está crescendo pouco nos últimos anos. Fora que as reformas aqui precisam continuar, como a tributária, diminuição de burocracia, melhor educação, e por aí vai. Vamos torcer que essa confiança toda no nosso país se justifique.

Imposto de renda

Então que hoje é o último dia para a entrega da declaração do imposto de renda. Até aí até meu macaco albino sabe. Só que como todo ano, os brasileiros deixam para a última hora, como sempre. E sempre a mesma história: cai sistema, computador da Receita não agüenta, etc.

Então aqui vão duas dicas:

-Os contribuintes de última hora pode ganhar depois. É que o dinheiro da restituição demora mais pra sair quanto mais tarde você entregar sua declaração (há um grupo com vantagem de receber antes, como os mais idosos, por exemplo). E como o dinheiro da restituição é corrigido pela taxa SELIC (que na última reunião do dia 16 de abril foi para 11,75% a.a.) sem taxa administrativa nenhuma, seria então uma das melhores aplicações para se fazer. Ou seja, se você está querendo esse dinheiro logo, a espera vai ser até que recompensada;

-Mesmo faltando algum recibo, entregue logo. Ela entrando no sistema, você pode retificar a declaração depois. Afinal, ninguém quer pagar multa de R$ 165,74 no mínimo.

Em outras notícias, eu achei onde liberar os comentários, para anônimos inclusive, e como converter o idioma para português!

terça-feira, abril 29, 2008

Faz parar?


E o preço do petróleo que resolveu não querer mais parar de subir? Eu faço previsões sobre preço do barril Brent (cotado em Londres) e essa escalada já me fez revisar umas 3 vezes o preço médio desde dezembro do ano passado.

Olhando o gráfico, fica até mais fácil de mensurar a magnitude dessa alta: em 2002, o preço médio havia ficado em US$ 25 o barril Brent. Em 2007, média de US$ 72,6 ou seja, quase triplicou de preço. Essa semana, estava cotado acima de US$ 115!

O mundo tenta achar uma razão pra isso, já que não há indícios de que esteja havendo uma diferença tão grande assim entre a demanda e a oferta. Quer dizer, a demanda pelo óleo cresceu nesses últimos anos, já que a média de crescimento econômico do mundo também foi alta. Mas mesmo com as recentes notícias de recessão nos EUA (que consomem 25% do petróleo do mundo), que teoricamente jogariam o preço pra baixo, não abalou a trajetória de alta.

Além da velha desculpa da demanda alta e de problemas geopolíticos nas regiões produtoras (guerras, atentados, terrorismo, *bocejo*), dessa vez, com o Dólar enfraquecendo, os agentes estão apostando mais do que em outros tempos em derivativos com lastro no petróleo: há então um forte componente especulativo nisso tudo. E estão forçando pra ver até onde podem ir. Pior que como o petróleo é a matriz mãe do planeta, esse aumento de preços acaba se espalhando. Até nos alimentos, que utilizam de produtos derivados do óleo, como fertilizantes e combustível para máquinas agrícolas.

Acho que com a chegada do verão no Hemisfério Norte e a desaceleração da economia dos EUA, o preço tende a cair no próximo trimestre. Mas é uma aposta minha. Esse preço maluco já provou que foge de qualquer tipo de previsão.

segunda-feira, abril 28, 2008

Enxugando gelo

Aproveitando o gancho com o lance da inflação dos alimentos, tomou forma no mercado uma discussão desde semana retrasada, sobre a atuação do BC com relação aos juros. O BC sempre é criticado por manter os juros brasileiros nas alturas. Temos o maior juro real do mundo para controlar nossa inflação. Porém, o BC é visto como o grande fiador da estabilidade brasileira.

É até compreensível todo esse zelo porque o país sofreu demais com o aumento dos preços especialmente nos anos 80. Porém, a subida dos juros de 11,25% a.a. para 11,75% a.a. ocorrida dia 16 de abril é bastante discutível.

De acordo com o BC, a demanda do país está aquecida e o aumento dos juros foi para controlar o descompasso entre oferta e demanda. Além disso, comentaram sobre a inflação dos alimentos.

Mas aí eu pergunto: que por** de inflação de demanda é essa que eles tanto tão falando?? Que o país está crescendo acima de 5% e que a demanda está aquecida é fato. O negócio é que a oferta está conseguindo acompanhar. É só pegarmos os índices do IBGE de alguns setores da economia para vermos isso. Além disso, dados da indústria, com relação à estoque e capacidade ociosa estão dentro da normalidade.

Ou seja, só porque está havendo aumento dos alimentos, o BC acha que aumentando o juros irá resolver a questão (ninguém vai parar de comer). A questão é que a meta do BC é de inflação em 4,5%, com tolerância de 2 p.p. pra cima ou pra baixo. E o BC não usa a própria banda que estipulou. A inflação tem que voltar ao centro da meta de qualquer maneira, mesmo que para isso reduza a atividade econômica que está caminhando tão bem e desvie a causa do problema para o "demanda aquecida".

Esperemos então, novos aumentos de juros por parte do BC pra tentar controlar algo que está acontecendo no planeta todo e assim, permanecer enxugando gelo pelo menos até a situação dos alimentos no mundo se acalmar.

sexta-feira, abril 25, 2008

A inflação dos alimentos

E essa história toda da subida de preço dos alimentos? Gerou até declaração polêmica do relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler, que disse que a subida estava relacionada à produção de biocombustíveis e os chamou de "crime contra a humanidade".

O fato é que o mundo tá acordando pra uma questão que passa pelos subsídios dos países ricos. Eles sabem que caso abram o mercado, países como o Brasil, extremamente competitivo nessa área, iria devastar os empregos no campo dos países deles, em particular, os europeus. Além disso, traria incentivos à países tropicais em investir no campo pra poder competir com eles em alimentos.

Como a questão de liberalização está loooonge de ser discutida, acho que podemos analisar as causas desse aumento de preço dos alimentos. Primeiro, o crescimento da China e da Índia está fazendo o povo de lá comer mais. E que povo, já que os dois países, juntos, possuem mais de 2 bilhões de habitantes. A China teve uma crise séria no final do ano passado por causa da carne de porco (tiveram que sacrificar milhões por conta de uma doença). Isso fez com que o pessoal se direcionasse para outros alimentos, aumentando o preço deles. Segundo, o clima maluco fez com que muitas culturas tivessem quebras importantes de safra, especialmente o arroz (e o feijão, no caso brasileiro). Terceiro, a produção ineficiente de biocombustível por parte dos americanos e europeus, que utilizam o milho e a beterraba, fez com que o preço desses produtos subissem bastante. E quarto, a especulação dos agentes, que estão fugindo do Dólar fraco e indo para derivativos atrelados às commodities.

A inflação está subindo bastante ao redor do globo por conta disso. A China e o Japão, por exemplo, já estão com a maior inflação em, sei lá, uma década!

Contra essa inflação, os países estão agindo como podem. O sudeste asiático já proibiu exportação de arroz pra poder conter seus preços internos. O Brasil tomou decisão semelhante ontem: o estoque estratégico do governo não será exportado. O ponto é que os biocombustíveis podem sair com o grande vilão disso tudo, o que não seria justo. O Brasil tem que tomar uma posição firme contra isso, pra provar que o combustível derivado da cana é mais eficiente e não traria fome. Afinal, estamos nessa faz uns 30 anos e nunca tivemos problema dessa natureza.

Pra ilustrar isso tudo, coloco um gráfico do Índice da revista The Economist, que traz apenas produtos alimentícios. Reparem como a coisa toda começa a degringolar a partir do segundo semestre de 2007.

quinta-feira, abril 24, 2008

Teste e olás

Finalmente vou tentar escrever sobre economia e afins na net e permitir que minhas opiniões desinteressantes sejam compartilhadas por outras pessoas.


Então é isso!


E nada melhor do que começar com essa foto tirada ontem na posse do novo ministro do STJ:

O quarteto responsável pela tentativa de fazer o país voltar aos eixos depois do desastroso período 1964-1985 (faltando aí o Itamar). Uns com mais sorte que outros, mas que têm uma parcela do relativo sucesso que o Brasil está tendo hoje. Eu gosto de ver fotos assim, apesar de ter lido que houve algumas animosidades. Mas é política né, gente? O que há de se fazer. Ainda lembro do FHC passando a faixa ao Lula e ambos chorando, numa cena que não se via há tempos. Sim, um presidente eleito passando a faixa pra outro eleito. Nossa democracia está amadurecendo e estamos sendo espectadores disso.