terça-feira, julho 08, 2008

Sobre G8 e demais clubinhos


Essa semana ocorre a reunião anual do G8, os "sete países mais ricos do mundo mais a Rússia". Cada vez mais em lugares isolados para evitar manifestações, dessa vez estão na ilha mais ao norte do Japão, Hokkaido. Na foto acima estão plantando árvores: Angela Merkel (chanceler da Alemanha); George W. Bush (presidente dos Estados Unidos); Yasuo Fukuda (primeiro-ministro do Japão); Nocolás Sarkozy (presidente da França) e Medvedev (presidente da Rússia).

A questão é: será que esses países ainda representam o planeta todo numa discussão sobre preços dos alimentos, aquecimento global e preço do petróleo? Fazem parte do G8: Estados Unidos, França, Alemanha, Japão, Itália, Canadá, Reino Unido e a Rússia. Em termos de PIB, esses países representam 58% do planeta, fatia que vem diminuindo nos últimos anos. Mas será que uma reunião dessas sem a participação de países como China, Índia e Brasil, grandes países em termos de território, que juntos detém quase metade da população do planeta e emitem quantidades consideráveis de carbono é justa? Ou mesmo sem a participação de algum país árabe ou africano, para darem seus pareceres sobre o preço do petróleo e dos alimentos, é factível?

Nos últimos anos, algum desses países, como Brasil, China e Índia participam dessa reunião, mas apenas como convidados e numa reunião secundária. O presidente da França já se posicionou favorável ao aumento do grupo, mas encontra resistências nos líderes da Itália e dos Estados Unidos.

É um paradoxo interessante. O Conselho de Segurança da ONU, formado por 5 países com poder de veto, ou seja, os mais importantes do mundo (basicamente os vencedores da Segunda Guerra), são: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China. A China não está no G8, assim como o Japão e Alemanha, segundo e quarto PIBs do mundo respectivamente, não estão no Conselho de Segurança como membro permanente. A China veta o Japão na ONU, o Japão veta a China no G8, já que são inimigos históricos. A Rússia pertence a ambos os grupos, mas não é mais rica que Brasil e China, por exemplo. Outros argumentam que o G8 é um grupo democrático, por isso não querem que a China entre, mas a Rússia não é um exemplo de democracia. O Canadá, não é mais rico que a China e se formos levar em conta o PIB per capita, muitos países da Europa ultrapassam o Canadá no quesito. Pode-se levar em conta também o poderio militar, para explicar o Rússia em ambos os grupos ainda hoje, mas a China nuclear tem o maior exército do mundo e o Japão e Canadá não tem lá uma força militar relevante.

E assim criam-se outros grupos por fora para forçar uma reforma nos clubinhos: o G4 é formado por Japão, Alemanha, Brasil e Índia, e almejam uma vaga permanente na ONU; o G5 é formado por China, Índia, Brasil, África do Sul e México, e querem transformar o G8 em G13, e assim participarem mais ativamente das reuniões anuais do grupo.

O fato é que as instituições hoje precisam de reformulações para acompanhar as mudanças que aconteceram no mundo nas últimas décadas. Quem tem o poder não quer dividir com mais pessoas e demora até se convencer que o jogo político e econômico não é imutável. Ou parafraseando Heráclito, nada é permanente, exceto a mudança.

3 comentários:

Anônimo disse...

Considering the fact that it could be more accurate in giving informations.

Anônimo disse...

Well done for this wonderful blog.

Urd disse...

Eu ia comentar alguma coisa, mas as msgs acima quebraram meu raciocínio: isso é spam ou alguém fazendo piada, me parece mais spam mesmo, se eu fosse vc, deletava. =]