Hoje, exatamente no dia 13 de janeiro, estamos "comemorando" os 10 anos da maxidesvalorização do Real frente ao Dólar, data que eu não podia deixar passar despercebida.
Dez anos atrás, o Brasil tentava desarmar uma "bomba-relógio", nas palavras da FolhaNews, montada pouco após o Plano Real. Era a política de bandas cambiais, que mantinha o Dólar quase fixo e havia sido um dos pilares do sucesso do combate à inflação até então, mas que, em janeiro de 1999, parecia ter os dias contados por conta do desequilíbrio nas contas externas e da sangria das reservas internacionais (chegamos a perder cerca de US$ 40 bilhões de janeiro de 1998 até o primeiro trimestre de 1999 - gráfico).
Depois de garantida a reeleição e de perder bilhões de Dólares em reservas, o governo fez então uma maxidesvalorização do real de 8,3%, no dia 13 de janeiro, por meio da hoje folclórica "banda diagonal endógena" do professor Chico Lopes (aquele mesmo, ex-presidente do Banco Central e que responde à processo judicial), que criava um espaço maior de variação do Dólar. O resultado foi um desastre tão grande que a tentativa de controlar a desvalorização durou 48 horas. Em dois meses, o Dólar disparou 73,6%, pulando de R$ 1,21 para R$ 2,10.
Demitido, Chico Lopes foi substituído por Armínio Fraga, que chegou subindo os juros de 29% para 45% ao ano. Eu disse 45% ao ano (nossa Selic terminou 2008 em 13,75%), fazendo aumentar gigantescamente a dívida do governo.
O FHC já admitiu recentemente que um dos maiores erros do seu governo foi insistir em manter o câmbio fixo por tempo demais. E admitiu certo. O custo pro país disso foi extremamente alto, sendo que ele podia já ter feito isso assim que as reservas começaram a se esvair. Mas fazer o quê? A reeleição estava em jogo e como sempre, assuntos políticos foram colocados na frente.