sexta-feira, agosto 29, 2008

A cara de pau do presidente do Banco Central

Hoje saiu uma declaração na mídia do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, dizendo que o aumento dos juros já surte efeito.

Vejamos as palavras: "A boa notícia é que o processo está funcionando e já estamos vendo os sinais de que a inflação está convergindo para o centro da meta", depois de aumentar os juros por conta de uma suposta demanda doméstica aquecida e choque das commodities sobre a inflação.

É um mentiroso. Primeiro porque quem acompanha o mercado sabe que a subida da SELIC só tem efeito prático na economia depois de, no mínimo, 8 meses. Segundo, é que o referido presidente insiste em usar a "demanda doméstica aquecida" pra aumentar os juros.

Ora, não há sinais de descompasso entre oferta e demanda, inclusive os indicadores da FGV e da FIESP de capacidade ociosa estão passando por formulações para provar que ainda existe um nível bastante importante de produção até atingirmos um limite crítico. Outra coisa, aumento de juros não faz a população comer menos: as vendas de varejo e supermercados no país tiveram aumento de dois dígitos até esse momento, o que faz desabar por terra qualquer tentativa de convencimento de que aumentar juros vai frear o consumo nesse sentido.

A inflação deu uma trégua porque o petróleo voltou a cair, por conta da sensação mundial de menor demanda do produto com a desaceleração nos EUA e resto do mundo. Além disso, os alimentos também tiveram queda e é por isso que nossos índices de preços estão voltando a se comportar. Portanto, Meirelles, não adianta vir falar que foi o causador da volta da inflação ao centro da meta porque não foi. Não haveria aumento de juros internos capaz de freiar uma inflação mundial advinda de fatores tão díspares como efeito climático, aumento do consumo chinês e choque do petróleo.

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